FEITO MIDAS
Se agora sangram tanto ao recordar,
a beleza das tardes repartidas
nas telas que pintei num só esperar,
mais sulcadas ficam minhas feridas.
E eu nem sei como pude acreditar
na placidez assim... Sem despedidas.
Ah, que insana eu fui por assim tentar
transformar tudo em ouro, feito Midas.
Em forte e respeitável aliança,
sonhando unir ao meu, teu lindo nome
fui erguendo mil castelos de esperança!
Mas, o ouro um dia também, derrete e some...
E o que sobeja agora na lembrança,
o mais triste, é que o rei morreu de fome.
Tânia Regina Voigt